Os povos indígenas que viviam no Rio de Janeiro
Na verdade, da mesma forma que o termo europeu agrupa povos tão diferentes como os portugueses, espanhóis, franceses, ingleses, holandeses e tantos outros, o nome índio esconde centenas de nações independentes, que falam línguas diferentes, muitas delas não intercomunicantes entre si.
Cada uma tem uma história própria, organização social, habilidades tecnológicas e crenças religiosas peculiares. Cada uma possui a sua própria cultura, os seus costumes, o seu jeito de ser e o seu próprio nome.
Os povos que viviam no Rio de Janeiro transmitiam o que sabiam apenas através da palavra falada, própria da memória oral. Não deixaram, portanto, documentos escritos de identidade. Não tiveram oportunidade de se apresentar. Poucas vezes disseram como se autodenominavam. Quando o fizeram, nem sempre foram compreendidos. Os primeiros colonizadores portugueses, franceses e espanhóis tentaram, em alguns casos, identificar o nome próprio de cada povo criando, às vezes, uma grande confusão, porque quase sempre desconheciam as línguas faladas pelos índios.
Nos documentos que escreveram no passado, os europeus batizaram, às vezes, o mesmo povo com vários nomes, como é o caso dos Tupinambás, conhecidos também como Tamoio. Outras vezes, usaram um nome só - por exemplo, Coroado - para designar grupos que, apesar das semelhanças físicas, eram culturalmente muito diferentes. Registraram nomes que aparecem em poucos documentos e não conseguiram se firmar como Bacunin ou Caxiné. Escreveram o mesmo nome com grafias desiguais: Goitacá, Guaitacá, Waitaka ou Aitacaz. Inventaram nomes que mudaram com o tempo. Misturaram tudo. Fica, portanto, difícil saber quem era quem com base apenas nessas denominações. É necessário procurar outros critérios.